Enquanto carros, caminhões e aviões são frequentemente culpados pela crise climática, o transporte marítimo também desempenha um papel significativo na emissão de gases de efeito estufa, óxidos de nitrogênio e poluição de enxofre. Isso ocorre porque os navios geralmente dependem de óleo combustível pesado e barato.
Uma solução promissora para limpar a indústria naval é o uso de navios movidos a energia eólica. Embora essa abordagem possa evocar imagens dos tempos do famoso navio Cutty Sark, a nova tecnologia de propulsão eólica de alta tecnologia pode ser instalada em navios existentes para reduzir o consumo de combustível. Esses sistemas podem fornecer de 10% a 90% das necessidades de energia de um navio, dependendo de sua localização no oceano e dos padrões climáticos aproveitados. O vento, abundante e mais forte no mar do que em terra, é uma fonte de energia gratuita e o uso de software avançado de roteamento meteorológico permite traçar as rotas mais rápidas e eficientes em termos de consumo de combustível.
Uma variedade de dispositivos acionados pelo vento, como velas, pipas e rotores semelhantes a cilindros verticais, foram projetados para navios. Esses sistemas podem ser instalados no convés das embarcações existentes, facilitando sua adaptação. Atualmente, mais de 20 navios de carga comercial já utilizam energia eólica para reduzir o consumo de combustível, e mais embarcações estão sendo lançadas nessa direção. No entanto, a adoção em larga escala da energia eólica na indústria naval ainda enfrenta desafios.
Durante o século XIX, a indústria naval global operava com emissões zero, impulsionada principalmente pela energia eólica. No entanto, essa era foi substituída rapidamente pela propulsão a vapor, marcando o fim da era do vento. A ascensão do óleo combustível marítimo na década de 1930 praticamente eliminou o vapor como fonte de energia eólica na indústria naval até o final do século XX.
Segundo o Maritime Insight, o óleo combustível marítimo refere-se a óleos brutos com densidade superior a 900 kg/m3 a 15ºC, óleos combustíveis com densidade superior a 900 kg/m3 a 15ºC (ou viscosidade cinemática superior a 180 mm2/s a 50ºC), bem como betume, alcatrão e suas emulsões. No entanto, em um movimento para um futuro mais sustentável, a indústria naval está redescobrindo a energia eólica como uma alternativa viável.
A adoção renovada da energia eólica permitiria à indústria naval reduzir sua dependência do óleo combustível marítimo e suas consequências negativas para o meio ambiente. Ao explorar soluções de propulsão movidas a vento, como velas, pipas e rotores, os navios poderiam aproveitar novamente a força natural do vento para gerar energia, minimizando as emissões de gases de efeito estufa e reduzindo a poluição associada.
Essa mudança em direção à energia eólica na indústria naval representa um passo importante para um futuro mais sustentável e consciente do meio ambiente. Ao reinventar e adotar tecnologias eólicas avançadas, a indústria naval pode desempenhar um papel fundamental na redução da pegada de carbono e na promoção de práticas mais ecológicas.
Seawing da Airseas: Uma Revolução Tecnológica na Indústria Naval Impulsionada pela Energia Eólica
A vela Seawing, desenvolvida pela empresa francesa Airseas, está conquistando destaque na indústria naval como uma solução inovadora para reduzir as emissões de combustível e carbono. Projetada para atingir uma impressionante altura de 200 metros, a Seawing tem o potencial de alcançar uma economia média de 20% nas emissões. Essa faixa de economia pode variar de 10% a um impressionante patamar de 40%.
A tecnologia por trás do Seawing representa uma combinação de alta tecnologia e uma abordagem atualizada de um conceito antigo. Ao voar em um padrão de figura oito, a vela consegue colher até 10 vezes mais energia eólica disponível. Os engenheiros da Airseas aplicaram seu conhecimento aeroespacial para desenvolver um sistema de voo totalmente automatizado para a vela, tornando a utilização da energia eólica mais eficiente e prática.
Em um marco significativo, a Airseas já aplicou a vela Seawing em navios comerciais. Em parceria com a Airbus, adaptaram o Seawing em um navio Ro-Ro para cargas com rodas em apenas dois dias. Além disso, a empresa também forneceu o retrofit da energia eólica Seawing para dois navios de carga a granel Capesize da K Line, uma das principais transportadoras marítimas.
A K Line tem se destacado como uma defensora da energia eólica na indústria naval. Além de adicionar energia eólica a três de seus navios menores, eles firmaram um acordo com a Airseas para integrar o sistema de controle Seawing aos seus sistemas de bordo de alta tecnologia, conhecidos como “Kawasaki Integrated Maritime Solutions“. Essa parceria visa maximizar a captura de energia eólica em diferentes tipos de navios e rotas marítimas.
Através dessa colaboração estratégica, a K Line e a Airseas estão desenvolvendo tecnologias inovadoras para aproveitar efetivamente a potência de tração do Seawing, impulsionada por energia renovável. Essa iniciativa busca promover a utilização sustentável da energia eólica na indústria naval e estabelecer um novo padrão de eficiência e redução de emissões.
