Por um clima positivo

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Transição Ecológica na Amazônia Legal: Modelos Econômicos Projetam Cenários Promissores para 2050

Um conjunto de modelos econômicos – desenvolvidos por diversas instituições brasileiras como a WRI Brasil e o Laboratório Cenergia – foi utilizado para projetar diferentes cenários para a economia da Amazônia Legal (AML) em 2050. Sob a orientação do Acordo de Paris, que preconiza o desmatamento zero, a expansão da bioeconomia, a restauração florestal e a adoção de práticas agropecuárias e energéticas de baixa emissão de carbono, o cenário denominado Nova Economia da Amazônia (NEA) emergiu como o mais promissor em termos econômicos.

A Nova Economia da Amazônia (NEA), um projeto pioneiro liderado pelo WRI Brasil em colaboração com instituições de pesquisa brasileiras de diferentes regiões, surge como uma força propulsora da transição ecológica e econômica no país. Reconhecendo a necessidade de promover o desenvolvimento econômico e social em harmonia com a mitigação climática, a NEA almeja transformações profundas na economia, onde a Amazônia desempenha um papel central nessa mudança.

O relatório NEA delineia um cenário de investimentos estratégicos voltados para a conservação e expansão dos recursos naturais, o fortalecimento da bioeconomia, e a adaptação das práticas agropecuárias e da matriz energética em direção a baixas emissões de carbono na Amazônia Legal (AML). O impacto dessas mudanças estruturais não se limita à região amazônica, mas reverbera por toda a economia brasileira, impulsionando o país rumo à descarbonização completa.

A NEA representa um esforço colaborativo sem precedentes, reunindo diferentes modelos econômicos desenvolvidos por grupos de pesquisa de renome no Brasil. Através da combinação de técnicas econométricas avançadas, modelagem de equilíbrio geral, otimização dinâmica e matrizes de insumo-produto, a iniciativa oferece uma análise abrangente da economia atual da AML e esboça cenários diversos para o futuro econômico da região.

Este trabalho inovador proporciona uma visão aprofundada das características distintas da AML, abordando suas particularidades regionais, os fluxos de comércio, insumos, produtos, emissões e desmatamentos correlacionados. Através dessa análise robusta, a NEA oferece um plano de transição ecológica e econômica viável, que não apenas beneficia a região amazônica, mas tem o potencial de ser um modelo inspirador para a descarbonização da economia brasileira como um todo.

De acordo com os resultados divulgados pela WRI Brasil, o cenário NEA apresenta um Produto Interno Bruto (PIB) em 2050 superior em R$ 40 bilhões ao cenário referencial. Além disso, estima-se a criação de 312 mil empregos adicionais e um aumento de 81 milhões de hectares de florestas, contribuindo com um acréscimo de 19% no estoque de carbono. A pesquisa foi uma cooperação das equipes do WRI Brasil e The New Climate Economy e foi realizado em parceria com mais de 75 pesquisadores de várias regiões do país.

Para financiar a transição para a NEA, estima-se que seriam necessários investimentos correspondentes a 1,8% do PIB nacional ao ano, em comparação com 1% ao ano no cenário de referência. Do montante adicional de R$ 2,56 trilhões, alocar-se-iam R$ 442 bilhões para a agricultura e pecuária de baixa emissão de carbono, R$ 217 bilhões para a bioeconomia e restauração, R$ 410 bilhões para a matriz energética e R$ 1,49 trilhões para infraestrutura.

A importância da Amazônia Legal transcenderia sua própria região geográfica, sendo vista como uma catalizadora central da descarbonização da economia brasileira. Dada sua vastidão e riqueza biológica, a Amazônia possui o potencial de contribuir significativamente para as metas globais de redução de emissões, em consonância com os princípios do Acordo de Paris.

A Amazônia Legal, que abrange cerca de 60% do território brasileiro, é reconhecida por abrigar a maior floresta tropical do mundo e desempenhar um papel vital na regulação climática global, além de ser lar de diversas comunidades indígenas e biodiversidade única. No entanto, décadas de desmatamento têm comprometido sua capacidade de sequestrar carbono e fornecer serviços ecossistêmicos essenciais.

O cenário NEA proposto pela iniciativa Nova Economia da Amazônia (NEA), fruto de colaborações entre o WRI Brasil e diversas instituições de pesquisa brasileiras, visa promover um desenvolvimento econômico e social sustentável, alinhado com os objetivos de mitigação climática. Através de investimentos na conservação dos recursos naturais, na expansão da bioeconomia e na adoção de práticas de baixa emissão de carbono na agropecuária e matriz energética, busca-se garantir uma economia mais robusta e resiliente no futuro.

A abordagem da NEA combina técnicas econométricas avançadas, modelos de equilíbrio geral e otimização dinâmica para criar cenários realistas da economia futura da Amazônia Legal. Além disso, destaca-se a necessidade de considerar os fluxos financeiros e de recursos entre a região amazônica e o restante do Brasil para uma transição bem-sucedida.

 

Bioeconomia Sustentável na NEA: Desenvolvimento em Sintonia com a Floresta e os Rios

 

No contexto da Nova Economia da Amazônia (NEA), a bioeconomia emerge como uma poderosa ferramenta de transformação, alinhada à preservação dos ecossistemas e ao fortalecimento das comunidades locais. Esta abordagem econômica, proposta pela NEA, busca um desenvolvimento que respeite a biocapacidade do bioma, evitando rupturas nos delicados equilíbrios ecológicos que sustentam a saúde da floresta e dos rios. Uma bioeconomia bioecológica é proposta, que harmoniza tradição e inovação, permitindo que atividades econômicas floresçam sem prejudicar os complexos sistemas naturais.

Na busca por essa harmonia, a bioeconomia na região amazônica é pensada para coexistir com a floresta em pé e os rios fluindo, permitindo que as atividades econômicas se integrem à biocapacidade do bioma. O relatório NEA destaca a importância da bioeconomia como um motor de dinamismo econômico local. Mesmo com desafios na coleta de dados e no rastreamento de atividades informais, já é evidente o vigor da bioeconomia na Amazônia Legal, com um Valor Bruto da Produção (VBP) anual de R$ 15 bilhões.

A aplicação de metodologias avançadas, como a Matriz de Insumo-Produto de Contas Alfa (MIP-Alfa), revela que a bioeconomia não só desempenha um papel essencial no cenário atual, mas se torna um componente vital no cenário de transição para a NEA. Com projeções otimistas, o PIB da bioeconomia na AML poderá atingir R$ 38,5 bilhões em 2050, representando cerca de 2,8% do PIB regional e empregando aproximadamente 947 mil pessoas. No contexto de um cenário de continuidade (REF), o potencial da bioeconomia se aproxima de R$ 22,3 bilhões, gerando cerca de 592 mil empregos.

Essa perspectiva de bioeconomia, baseada em arranjos produtivos inclusivos, diversificados e locais, é a chave para uma transformação econômica sustentável. Ao valorizar produtos e conhecimentos locais, além de integrar práticas tradicionais e inovações tecnológicas, a NEA busca impulsionar um crescimento robusto e equitativo. A bioeconomia também desempenha um papel crucial na geração de serviços ecossistêmicos essenciais, que sustentam a produtividade agrícola e outras atividades produtivas.

A riqueza e diversidade da bioeconomia amazônica se apoiam nos saberes ancestrais e na interação profunda com a floresta. Com alimentos, medicamentos e materiais provenientes de uma ampla variedade de espécies, a bioeconomia amazônica se destaca como uma alternativa viável e resiliente. A busca por uma bioeconomia em sintonia com a floresta e os rios se estabelece como um dos pilares centrais da NEA, contribuindo para a construção de uma economia amazônica próspera, sustentável e em harmonia com a natureza.

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Este conteúdo foi criado originalmente em português.

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