Cientistas da organização americana Climate Central divulgaram um estudo alarmante que revela um aumento significativo na temperatura global nos últimos 12 meses. Segundo a pesquisa, o planeta ficou 1,32°C mais quente em comparação aos índices da era pré-industrial (1850-1900), evidenciando uma tendência preocupante de aquecimento.
O aumento, calculado com base nas medições das temperaturas do ar de novembro de 2022 a outubro de 2023 em todo o mundo, é atribuído principalmente ao excesso de gases de efeito estufa provenientes de atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis. Os cientistas alertam que enquanto essas práticas persistirem, os impactos continuarão a se intensificar e se espalhar.
A pesquisa também destacou a influência da redução das emissões de gases poluentes de aerossóis que causam resfriamento, além de ressaltar que o impacto do fenômeno El Niño ainda é menor em comparação com os efeitos dos gases de efeito estufa. O aumento recorde superou o período de outubro de 2015 a setembro de 2016, quando a temperatura global ficou 1,29 °C mais quente.
Os cientistas utilizaram o Índice de Mudanças Climáticas (CSI) para quantificar como as mudanças climáticas alteraram a probabilidade de ocorrência de calor extremo. Entre novembro de 2022 e abril de 2023, 58% da população mundial foi exposta a 10 ou mais dias com altas temperaturas com um nível de CSI 3, indicando que as ondas de calor nesses dias foram pelo menos três vezes mais prováveis devido às alterações climáticas. Esse percentual aumentou para 82% entre maio e outubro.
A distribuição dos impactos climáticos foi destacada no estudo, evidenciando que os países menos responsáveis pelas emissões sofrem mais intensamente. Enquanto os pequenos países insulares em desenvolvimento apresentaram um CSI médio de 2,7, o G20, que reúne as 20 maiores economias mundiais, ficou com uma média de 0,8.
No entanto, a pesquisa aponta que mesmo os países mais desenvolvidos estão experimentando um aumento nos efeitos das mudanças climáticas. A Arábia Saudita, a Indonésia e o México foram os únicos países do G20 com um CSI médio superior a 1 entre novembro e abril, com outros países, incluindo Índia, Itália, Japão, Brasil, França e Turquia, juntando-se a essa lista entre maio e outubro.
Ao analisar os dados de grandes cidades, observa-se que Manaus (AM) lidera com um CSI médio de 5, evidenciando ondas de calor persistentes. As 10 cidades com as ondas de calor mais longas durante os 12 meses também apresentaram um CSI médio de 5, com Houston (EUA) enfrentando temperaturas extremas por 22 dias consecutivos.
Além disso, o artigo apresenta uma retrospectiva de eventos extremos no último ano, destacando impactos nos Estados Unidos, Argentina, Amazonas, Canal do Panamá, Gana, Chifre da África, Canadá e Itália. Esses eventos incluíram secas, inundações, incêndios florestais e ondas de calor, evidenciando a amplitude dos impactos da crise climática em diferentes regiões do mundo.
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