O hidrogênio verde tem se destacado como uma solução promissora para a redução das emissões de gases de efeito estufa e a transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável. Projetos envolvendo a produção, armazenamento e uso desse combustível renovável têm ganhado cada vez mais atenção e apoio de governos e empresas ao redor do mundo.
O hidrogênio verde é produzido por meio da eletrólise da água utilizando eletricidade proveniente de fontes renováveis, como solar e eólica. Esse processo resulta na obtenção de hidrogênio livre de carbono, sem a emissão de gases poluentes. Esse combustível pode ser utilizado em diversas aplicações, como transporte, indústria e geração de energia, substituindo fontes de energia mais poluentes, como o carvão e o petróleo.
Os projetos de hidrogênio verde têm o potencial de impulsionar a redução significativa das emissões de CO2, contribuindo para as metas de combate às mudanças climáticas. Ao substituir combustíveis fósseis por hidrogênio verde, é possível reduzir as emissões de gases de efeito estufa de forma significativa, especialmente nos setores mais intensivos em carbono.
A Economia Global e os Caminhos para Eficiência Energética
A economia global apresentou uma recuperação significativa em 2021, com um crescimento do PIB de 5,9%, após a pandemia do COVID-19. No entanto, essa recuperação trouxe desafios para a sustentabilidade energética. A demanda global de energia aumentou em 5,4%, resultando em um aumento nas emissões de CO2. O uso crescente de carvão foi um dos fatores responsáveis pelo maior aumento anual nas emissões globais de CO2 do setor de energia, com um salto de 1,9 gigatoneladas (Gt) em 2021. As emissões totais do setor de energia atingiram 36,6 Gt no mesmo ano.
É importante destacar que o investimento recente em infraestrutura de combustível fóssil, que não está alinhado com as metas de emissões líquidas zero até 2050, pode resultar em emissões adicionais de 25 Gt se esses projetos forem concluídos e utilizados até o final de sua vida útil. Isso representa cerca de 5% do limite restante de carbono para limitar o aquecimento global a 1,5°C.
Apesar desses desafios, 2021 também trouxe avanços significativos na geração de eletricidade a partir de fontes renováveis. A geração de eletricidade renovável alcançou um recorde histórico, com um aumento de mais de 500 terawatts-hora (TWh) em comparação com o ano de 2020.
Austrália, Holanda, Alemanha, China e Chile desempenham um papel crucial na produção mundial de oxigênio devido aos seus recursos naturais abundantes, como florestas, áreas de uso, vegetação costeira e vastas áreas agrícolas. A Arábia Saudita também está se destacando no cenário do oxigênio. Com o objetivo de impulsionar a produção de hidrogênio verde, a Arábia Saudita planeja construir a cidade de Neom, localizada às margens do Mar Vermelho. Esse projeto ambicioso inclui planos de investir cerca de US$ 5 bilhões na construção de eletrolisadores até 2025. Os eletrolisadores são equipamentos essenciais para a produção de hidrogênio verde, que envolve a separação da água em hidrogênio e oxigênio por meio de eletrólise.
Esses dados ressaltam a importância de tomar medidas urgentes para acelerar a transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável, bem como demonstram como os países têm construído estratégias para esse processo. Aumentar a eficiência energética, expandir o uso de energias renováveis e reduzir a dependência de combustíveis fósseis são passos cruciais para enfrentar as mudanças climáticas e alcançar as metas de emissões Net Zero até 2050.
O Brasil no Cenário do Hidrogênio Verde
Atualmente, o Brasil possui um grande potencial para a produção de hidrogênio verde, dada a disponibilidade de fontes renováveis, como energia solar e eólica, e sua vasta infraestrutura no setor energético. O objetivo principal é chegar a 4 GW de capacidade em 2030. Embora ainda esteja em estágios iniciais de desenvolvimento, o país vem explorando oportunidades para impulsionar a produção e uso desse combustível limpo. De acordo com estudos e projeções, o Brasil possui condições favoráveis para se tornar um importante produtor e exportador de hidrogênio verde. A energia solar, por exemplo, é abundante em várias regiões do país, especialmente no Nordeste, onde há um grande potencial para a geração de eletricidade renovável para a produção de hidrogênio. Além disso, o Brasil possui um dos maiores sistemas de produção e distribuição de gás natural do mundo, o que pode facilitar a transição para o uso do hidrogênio como uma fonte alternativa de energia. O país também conta com expertise no setor de biocombustíveis, o que pode ser explorado na produção de hidrogênio a partir de biomassa.
Segundo dados da Agência Senado, a produção em larga escala de hidrogênio verde no Brasil ainda enfrenta desafios, como o desenvolvimento de tecnologias eficientes e economicamente viáveis, a criação de infraestrutura adequada para armazenamento e transporte, e a definição de políticas e regulamentações que incentivem o seu uso. Atualmente, mais de 100 milhões de toneladas de hidrogênio são produzidas anualmente em todo o mundo. O Brasil contribui com aproximadamente 1% desse volume. No entanto, a maior parte do hidrogênio produzido hoje é utilizado no mesmo local onde é produzido. Projeções indicam que até 2050, a produção mundial de hidrogênio deverá chegar a cerca de 540 milhões de toneladas. Desse total, estima-se que 75% serão de hidrogênio mercantil, ou seja, produzido em um local e consumido em outro local.
O governo brasileiro tem demonstrado interesse em impulsionar a produção de hidrogênio verde e tem promovido iniciativas e parcerias para incentivar investimentos nesse setor. A expectativa é que nos próximos anos o país avance na exploração desse potencial e se posicione como um importante mentor na economia do hidrogênio verde.
