Um novo relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que a procura global por petróleo, gás natural e carvão – e as emissões de carbono resultantes – atingirão o seu ponto máximo no final desta década.
Segundo o relatório anual Perspetivas Mundiais de Energia, publicado recentemente, o crescimento exponencial de fontes de energia limpa impulsionará essa transformação, de acordo com a agência com sede em Paris.
A AIE estima que, até o final da década, o número de veículos elétricos em circulação será quase dez vezes superior ao número de veículos convencionais, e as energias renováveis devem representar quase metade da matriz energética global, em comparação com os atuais 30%.
Além disso, o abrandamento do crescimento na China contribuirá para a redução da procura por combustíveis fósseis. A segunda maior economia do mundo, também o maior consumidor de energia, atingiu um “ponto de inflexão”, com a previsão de que a procura total de energia atinja o seu auge em meados da década. A China está emergindo como uma potência em energia limpa, tendo sido responsável por mais da metade das vendas globais de veículos elétricos no ano passado.
Fatih Birol, Diretor Executivo da AIE, ressaltou que a transição para fontes de energia limpa está em curso em todo o mundo e é inevitável. “Não se trata de ‘se’, mas sim de ‘quando’, e quanto mais cedo, melhor para todos nós”, afirmou Birol em comunicado.
Cenário Energético
O relatório da AIE contraria os apelos da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que instaram a investimentos de trilhões de dólares no setor até 2045 para evitar um aumento nos preços da energia.
Este cenário contrasta fortemente com a recente estratégia de algumas das maiores empresas de petróleo e gás dos Estados Unidos, como a ExxonMobil (XOM) e a Chevron (CVX), que optaram por reforçar a produção de xisto nos EUA ao adquirirem empresas concorrentes como a Pioneer (PXD) e a Hess (HES), em negócios avaliados em 60 bilhões de dólares e 53 bilhões de dólares, respectivamente.
Para evitar um aumento drástico nos preços da energia, Haitham Al Ghais, secretário-geral da OPEP, alertou que o setor de petróleo necessitará de um investimento global de pelo menos 12 trilhões de dólares até 2045, como afirmou durante a conferência energética ADIPEC em Abu Dhabi.
