Um novo relatório intitulado “Estado da Ação Climática 2023” alerta que os esforços para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius estão fracassando em várias frentes, indicando a necessidade urgente de mudanças significativas – principalmente no uso do carvão. Publicado no último dia 14 de novembro, o documento fornece uma visão sombria dos desafios que os formuladores de políticas enfrentam à medida que se preparam para a Cúpula sobre Mudanças Climáticas COP28 a ser realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, no final deste mês.
O relatório – uma colaboração entre o Instituto de Recursos Mundiais, o Bezos Earth Fund, a ClimateWorks Foundation, organismos da Organização das Nações Unidas (ONU) – destaca que apenas um dos 42 indicadores monitorados está no caminho certo para atingir sua meta de 2030. Essa meta está alinhada com o compromisso estabelecido no Acordo de Paris de 2015, que busca “limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2, preferencialmente a 1,5 graus Celsius, em comparação com os níveis pré-industriais”.
A liderança do Acordo de Paris é central na análise do relatório, que propõe metas para 2030 e 2050 alinhadas com o objetivo de 1,5 graus Celsius. No entanto, as conclusões gerais são preocupantes, destacando a lentidão global na implementação de medidas eficazes para conter as mudanças climáticas.
Sophie Boehm, autora principal do relatório e associada de pesquisa no Instituto de Recursos Mundiais, declarou: “Os esforços globais para limitar o aquecimento a 1,5°C são, no melhor dos casos, medíocres. Apesar de décadas de advertências sérias, nossos líderes falharam em mobilizar ações climáticas em um ritmo e escala necessários“.
A análise propõe medidas concretas para atingir as metas climáticas, incluindo a retirada acelerada do carvão na geração de eletricidade, com uma taxa sete vezes mais rápida do que a atual. Isso equivale a aposentar cerca de 240 usinas a carvão de tamanho médio a cada ano até 2030. Além disso, o relatório destaca a necessidade de impulsionar o crescimento de energia eólica e solar, expandir rapidamente a infraestrutura de transporte público, adotar dietas mais saudáveis e sustentáveis, e reduzir quatro vezes mais rápido a taxa de desmatamento.
O relatório foi divulgado no mesmo dia em que o escritório da ONU para Mudanças Climáticas lançou sua própria avaliação, indicando que os governos globais não estão fazendo o suficiente para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas. O Relatório de Síntese das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) destaca a necessidade de uma ação mais proativa na redução das emissões, considerando que as Contribuições Nacionalmente Determinadas são essenciais para atingir as metas globais de limitação do aquecimento.
Com a COP28 se aproximando, a pressão sobre os governos para tomarem medidas significativas aumenta. O “Estado da Ação Climática 2023” enfatiza que a conferência deve ser um ponto de virada claro, onde os governos não apenas concordem com ações climáticas mais fortes, mas também detalhem como pretendem implementá-las.
Em um apelo final, o relatório destaca a urgência de mudanças imediatas e transformacionais em todos os setores – ainda nesta década – para garantir um futuro habitável para todos. A questão climática não permite mais ajustes periféricos, sendo necessário agir com decisão e amplitude.