Cerca de metade da população total da África (548 milhões de pessoas) estavam sem acesso à eletricidade em 2018. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA – sigla em inglês para International Energy Agency), no mesmo ano, 900 milhões de pessoas no continente africano contava fazer o uso tradicional de biomassa – como como carvão e lenha – como sua principal fonte de energia para cozinhar.
Em 2017, as emissões combinadas do uso de combustíveis fósseis na África representaram apenas 3,6% do total global, mesmo com o continente abrigando cerca de 17% da população mundial (IEA). Se foram excluídos os quatro países com as emissões absolutas (África do Sul, Egito, Argélia e Nigéria) da equação, os demais países africanos contribuíram apenas com 1% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2).
Apenas alguns setores selecionados de geração de eletricidade na África têm emissões de gases de efeito estufa comparáveis às economias dos países desenvolvidos. Na verdade, a contribuição total da geração de eletricidade na África para a mudança climática é modesta em comparação com outras regiões do mundo.
De acordo com a African Private Capital Association (AVCA), em uma pesquisa com investidores climáticos do setor privado na África, foi identificado que 71% deles consideram a energia renovável como o setor mais atraente até 2026. Os setores de agricultura e transporte também foram destacados como promissores, ocupando a segunda e terceira posições, respectivamente. Esses resultados mostram o crescente interesse e confiança dos investidores na potencialidade dos negócios relacionados à sustentabilidade e às soluções para as mudanças climáticas.
Os investidores em financiamento climático na África esperam que as energias renováveis dominem os acordos nos próximos três anos, à medida que a busca por energia limpa para acabar com os apagões aumenta seu apelo aos financiadores.
Apagões da Energia: uma Questão para a África
Os apagões de energia têm se tornado um desafio persistente enfrentado pela África, afetando milhões de pessoas em todo o continente. De acordo com dados do Banco Mundial, aproximadamente 600 milhões de pessoas na África Subsaariana ainda não possuem acesso à eletricidade, o que equivale a cerca de 57% da população da região.
A taxa de eletrificação na África Subsaariana é uma das mais baixas do mundo, com uma média de apenas 43%. Isso significa que a maioria das pessoas na região não desfruta de um fornecimento regular de eletricidade, sendo privadas de uma das necessidades básicas da vida moderna.
Um dos principais problemas enfrentados pelos países africanos são os apagões frequentes e a falta de fornecimento de energia elétrica. Essa situação é resultado de uma combinação de fatores, incluindo infraestrutura inadequada, falta de investimento no setor elétrico, gestão ineficiente e problemas de manutenção. Essas questões se tornam ainda mais agravantes devido ao rápido crescimento populacional e ao aumento da demanda por energia.
Os apagões de energia têm um impacto significativo na economia africana. Empresas e indústrias dependem de um fornecimento confiável de energia para operar e serem produtivas. A falta de eletricidade resulta em interrupção das atividades comerciais, dificuldades na cadeia de suprimentos, redução da produção e perda de oportunidades de emprego.
A África do Sul, por exemplo, está enfrentando o ápice de uma crise energética que assola o país desde 2008. Um dos principais motivos para essa situação preocupante é a incapacidade da Eskom, empresa estatal responsável por fornecer aproximadamente 95% da eletricidade do país, em suprir adequadamente a demanda da população. Essa crise tem causado impactos significativos na economia, no bem-estar dos cidadãos e na estabilidade do setor energético sul-africano.
Enfrentar esse desafio requer um esforço conjunto dos governos, empresas e instituições internacionais. Investimentos substanciais devem ser direcionados para melhorar a infraestrutura elétrica, expandir a capacidade de geração de energia e promover fontes de energia renovável. Além disso, é necessário fortalecer a governança e a gestão do setor elétrico, promovendo a transparência e a eficiência na prestação de serviços.
A superação dos apagões de energia na África é crucial para impulsionar o crescimento econômico, melhorar a qualidade de vida das pessoas e promover o desenvolvimento sustentável. Com esforços contínuos e investimentos adequados, espera-se que o continente avance em direção a um futuro energético mais confiável e acessível para todos os africanos.
Potencial Energético: Investimentos em Energia como Solução para o Continente Africano
Existe uma abundância de recursos solares, geotérmicos e eólicos para todo continente africano, juntamente com todo processo de uma longa construção histórica junto ao processo de eletrificação. Esse processo torna o continente como um ponto atraente para os investidores do setor de energia.
A crescente construção de bases para energia solar tem se tornado uma prioridade nos governos africanos, que buscam aliar o desenvolvimento econômico com investimentos no setor energético. Com o objetivo de reduzir as emissões de gases poluentes e ampliar o acesso à eletricidade, atualmente limitado a apenas 40% da população do continente, os governos estão implementando medidas e buscando parcerias para impulsionar o crescimento da energia solar como uma solução sustentável e viável para atender às demandas energéticas da população africana.
De acordo com a Associação de Capital Privado Africano (AVCA), o investimento de capital privado relacionado ao clima teve um aumento significativo em 2022. O valor total dos negócios nesse setor registrou um crescimento de 20%, atingindo a marca de US$ 1,8 bilhão, o maior em cinco anos. Um terço de todos os negócios realizados no ano passado foi direcionado para os serviços públicos, com destaque para a energia renovável. Em seguida, os setores de tecnologia da informação e indústria também receberam um volume considerável de investimentos. Esses números refletem o crescente interesse e confiança dos investidores no potencial dos negócios relacionados à sustentabilidade e à mitigação das mudanças climáticas.
Segundo AVCA, importantes investimentos climáticos privados serão liderados por Quênia, Nigéria e Gana nos próximos três anos. Esses países foram destacados devido ao crescente interesse dos investidores em setores estratégicos, como energia solar, hidrelétrica e tecnologia da informação. A AVCA, que reúne empresas de private equity, capital de risco, investidores institucionais e instituições financeiras de desenvolvimento, prevê um aumento significativo no fluxo de capital para essas regiões em busca de oportunidades de investimento sustentável. A combinação desses fatores, incluindo o potencial de crescimento dos setores mencionados, torna o Quênia, Nigéria e Gana destinos atrativos para investidores comprometidos com a transição para uma economia de baixo carbono.