Dia 11 de setembro é marcado pela comemoração da biodiversidade única do Cerrado brasileiro. Esse bioma extraordinário, que abrange impressionantes 24% do território nacional e se estende por 11 estados e o Distrito Federal, desempenha um papel fundamental na preservação da fauna, da flora e das culturas indígenas que nele habitam. No entanto, apesar de sua importância, o Cerrado enfrenta um sério risco decorrente do avanço da agropecuária voltada para a exportação e da persistente ideia do “Bioma de Sacrifício.”
Estudos recentes destacam que a maior parte do desmatamento no Cerrado ocorre na região conhecida como Matopiba, uma área de expansão agrícola que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. De acordo com análises do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), surpreendentemente, entre janeiro e julho de 2023, 85% do desmatamento do bioma aconteceu nessa região.
Hoje, cerca de metade da área do Cerrado é destinada à produção de grãos e pecuária. Comparativamente, em 1985, a agropecuária ocupava pouco mais de um terço (34%) do bioma, conforme estudo do MapBiomas. Dados de satélite revelam que, entre 1985 e 2022, o Cerrado perdeu 25% de sua vegetação nativa devido ao desmatamento.
Preocupantemente, a tendência de expansão da agropecuária no Cerrado é alarmante. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) prevê um aumento de 37% na produção de grãos no Matopiba nos próximos dez anos. Isso implicará em um aumento de 17% na área explorada, o que equivale a uma expansão da fronteira agrícola de 1,6 milhão de hectares no período.
Para combater essa ameaça iminente, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou em uma audiência pública no Senado, realizada no final de agosto, que seu ministério está elaborando um novo plano de combate ao desmatamento do Cerrado. Este plano está previsto para ser disponibilizado para consulta pública neste mês de setembro.
Entretanto, Marina ressaltou que o sucesso do plano dependerá da participação ativa dos estados e de um compromisso conjunto com a preservação desse bioma singular. O Cerrado, com sua rica biodiversidade e importância para o equilíbrio ambiental, requer uma ação imediata para garantir sua sobrevivência e prosperidade no cenário brasileiro e global.
