Na última sexta-feira (17), o mundo testemunhou um alarmante marco na crise climática global, quando a temperatura média da Terra superou brevemente o limite crítico de 2º C acima dos níveis pré-industriais. Essa marca foi alcançada pela primeira vez, acendendo sinais de alerta entre os cientistas e destacando a urgência de ações concretas para conter as mudanças climáticas.
Os dados, compartilhados por um observatório europeu, revelaram que as temperaturas globais na sexta-feira atingiram uma média de 1,17º C acima dos níveis de 1991-2020, tornando-se o 17 de novembro mais quente já registrado. No entanto, em comparação com os tempos pré-industriais, a temperatura era assustadores 2,06º C mais quente, ultrapassando o limiar crítico estabelecido pelos cientistas como seguro para evitar impactos catastróficos no planeta e em seus ecossistemas.
A quebra do limite de 2º C ocorreu apenas duas semanas antes da COP 28 da ONU em Dubai, onde os países farão uma avaliação de seus progressos em relação ao Acordo Climático de Paris. Este acordo compromete-se a limitar o aquecimento global a 2º C acima dos níveis pré-industriais, com a ambição de restringi-lo ainda mais a 1,5º C.
Embora este evento não viole diretamente o Acordo de Paris, ele destaca o quão próximo estamos de ultrapassar os limites internacionalmente acordados. Cientistas alertam que podemos esperar um aumento na frequência de eventos climáticos extremos nos próximos meses e anos.
O Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2023 publicado pela ONU nesta segunda-feira (20) reforçou ainda mais a gravidade da situação, indicando que, mesmo se os países cumprirem seus atuais compromissos de redução de emissões, o mundo atingirá um aumento de temperatura entre 2,5º C e 2,9º C neste século. O limite de 1,5º C, considerado um ponto de virada crítico, parece cada vez mais difícil de ser mantido, com as projeções indicando uma trajetória perigosa.
O aumento das temperaturas está associado a impactos devastadores, incluindo eventos climáticos extremos, riscos à biodiversidade e ameaças à segurança alimentar. Cada fração de grau acima do limite de 1,5º C intensifica esses impactos, elevando a probabilidade de atingirmos pontos de inflexão irreversíveis, como o colapso das camadas de gelo polares e a morte em massa dos recifes de coral.
O Relatório apontou que, mesmo com os atuais compromissos de redução de emissões, a poluição por aquecimento do planeta em 2030 será 9% maior do que em 2010. Essa constatação destaca a necessidade urgente de medidas mais robustas e uma mudança significativa nas políticas climáticas globais. Além disso, outro relatório da ONU revela que os países planejam ultrapassar significativamente o limite de produção de combustíveis fósseis que manteria uma tampa no aquecimento global. Até 2030, os planos indicam a produção de mais do dobro do limite de combustíveis fósseis que manteriam o aumento de temperatura em 1,5º C.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas destaca que o mundo deve reduzir as emissões em 45% até o final desta década para ter esperanças de limitar o aquecimento global a 1,5º C acima dos níveis pré-industriais. No entanto, o aumento de 9% nas emissões projetadas indica que essa meta está consideravelmente distante.
Diante desses dados alarmantes, a comunidade internacional enfrenta um desafio crucial na COP 28, buscando medidas mais eficazes e compromissos mais ambiciosos para reverter a trajetória perigosa em que nos encontramos. O tempo está se esgotando, e a ação imediata é essencial para preservar o futuro do nosso planeta.