No primeiro semestre de 2023, um novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), em colaboração com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) e a Coligação para o Clima e o Ar Limpo (CCAC), lançou um alerta crucial: a redução das emissões de metano provenientes de operações de combustíveis fósseis é essencial para alcançar as metas climáticas globais.
O relatório, intitulado O Imperativo de Reduzir o Metano dos Combustíveis Fósseis, destaca que a descarbonização dos sistemas energéticos é essencial para limitar o aquecimento global a 1,5°C. Embora uma diminuição na demanda por combustíveis fósseis possa contribuir para reduzir as emissões de metano, essa redução não ocorreria com a velocidade necessária para atender aos objetivos climáticos mundiais.
O estudo conclui que ações específicas, como a eliminação da ventilação e queima de rotina e a reparação de vazamentos, são cruciais para limitar o aquecimento a 1,5°C e reduzir o risco de ultrapassar pontos de viragem climáticos irreversíveis. Cortes rápidos nas emissões de metano provenientes de combustíveis fósseis poderiam evitar um aumento de até 0,1°C na temperatura global até meados do século. Isso é mais significativo do que o impacto de retirar todos os carros e caminhões do mundo de circulação imediatamente.
Além do impacto climático, as emissões de metano também contribuem para a poluição do ozônio troposférico, com consequências econômicas, de saúde pública e de segurança alimentar. Com base na modelagem da Avaliação Global do Metano do PNUMA/CCAC de 2021, a redução do metano poderia evitar quase 1 milhão de mortes prematuras devido à exposição ao ozônio, 90 milhões de toneladas de perdas de colheitas e cerca de 85 mil bilhões de horas de trabalho perdidas devido ao calor extremo até 2050. Isso resultaria em cerca de 260 bilhões de dólares em benefícios econômicos diretos até 2050.
O metano é um gás de efeito estufa poderoso e representa cerca de 30% do aumento das temperaturas globais desde a Revolução Industrial. Mais da metade das emissões globais de metano decorrem de atividades humanas nos setores de agricultura, resíduos e combustíveis fósseis.
O relatório destaca a necessidade de reduzir as emissões de metano rapidamente, pois as emissões totais de metano provenientes de atividades humanas podem aumentar até 13% entre 2020 e 2030. No entanto, para limitar o aquecimento a 1,5°C, essas emissões precisam diminuir entre 30% a 60% durante esse período.
Combater as emissões de metano é uma das formas mais econômicas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Investimentos da ordem de 75 bilhões de dólares até 2030 seriam necessários para implementar todas as medidas de redução do metano no setor de petróleo e gás, o que representa menos de 2% da receita gerada por essa indústria em 2022.
A ação imediata é essencial, e o relatório destaca que o mundo já possui as ferramentas e o suporte para fazer as reduções necessárias. O combate às emissões de metano é uma peça fundamental no quebra-cabeça da luta contra as mudanças climáticas.
Este relatório foi lançado durante a MENA Climate Week 2023, um fórum importante para líderes discutirem questões climáticas e energéticas no Oriente Médio e Norte da África, à medida que o mundo se prepara para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) no Dubai.
A mensagem é clara: reduzir as emissões de metano é uma das melhores oportunidades para limitar o aquecimento global a curto prazo. A ação decisiva é necessária agora para garantir um futuro mais sustentável e resiliente.