O sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), denominado AR6, é um marco importante no entendimento científico das mudanças climáticas e seus impactos. O objetivo do relatório é disponibilizar informações atualizadas e confiáveis na compreensão dos processos climáticos para apoiar decisões políticas e ações de mitigação e adaptação.
Durante o período de 2011 a 2020, a temperatura média da superfície global aumentou em cerca de 1,1°C em relação ao período de referência de 1850 a 1900. Esse aumento foi maior em áreas terrestres, atingindo cerca de 1,59°C, em comparação com os oceanos, de aproximadamente 0,88°C.
É inegável que a influência humana tem causado o aquecimento da atmosfera, dos oceanos e da superfície terrestre. Observaram-se mudanças rápidas e generalizadas nos sistemas climáticos, como atmosfera, oceano, criosfera (áreas com gelo) e biosfera (conjunto de todos os seres vivos). A escala dessas mudanças recentes no sistema climático – como um todo – e o estado atual de muitos aspectos do clima são sem precedentes, abrangendo séculos e até milhares de anos.
As evidências científicas indicam que atividades humanas, como queima de combustíveis fósseis, desmatamento e emissões de gases de efeito estufa, contribuem significativamente para o aquecimento observado. Essas atividades têm aumentado as concentrações atmosféricas de gases como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O).
As emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) implícitas nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) indicam que, até 2030, é provável que o aquecimento global exceda 1,5°C ao longo do século 21, tornando mais desafiador limitar o aquecimento abaixo de 2°C.
Contudo, políticas de mitigação contribuem para a redução da intensidade global de energia e carbono – nas emissões de gases de efeito estufa (GEE), por mais de uma década. As tecnologias de baixa emissão são mais acessíveis, com opções de energia, edifícios, transporte e indústria de baixa ou nenhuma emissão disponíveis.
Comportamentos, barreiras espaciais, econômicas e sociais são criados como resultado desses caminhos, bem como as escolhas feitas por formuladores de políticas, cidadãos, setor privado e outras partes interessadas têm um impacto direto no desenvolvimento das sociedades.
Limitar o aquecimento global causado pelo homem requer a redução das emissões antropogênicas de CO2 a zero. Para alcançar os objetivos estabelecidos pelos orçamentos de carbono de 1,5°C e 2°C, é necessário implementar reduções rápidas, profundas e, na maioria dos casos, imediatas das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em todos os setores.
Ultrapassar um determinado nível de aquecimento e, posteriormente, retornar (ou seja, exceder o limite e depois reduzir as emissões) implica riscos adicionais e pode levar a impactos potencialmente irreversíveis. Para alcançar e manter as emissões líquidas negativas de CO2 em escala global, é necessário implementar estratégias de remoção de CO2 da atmosfera.
Essas ações são fundamentais para reduzir o aquecimento global e evitar os impactos adversos das mudanças climáticas. Os esforços devem ser feitos em todos os setores, incluindo energia, transporte, indústria, agricultura e uso da terra. Isso exigirá a adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono, aumento da eficiência energética, investimentos em energias renováveis, transição para sistemas agrícolas sustentáveis e a proteção e restauração de ecossistemas.