Em um recente pronunciamento, o chefe da ONU, António Guterres, alertou para os impactos mortais da queima de combustíveis fósseis, que resulta na morte de 1,2 milhão de pessoas por ano. Ele ressaltou que ainda é possível limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius, mas isso exigirá uma redução de 45% nas emissões de carbono até 2030.
O que se vê, contudo, são que as atuais políticas em vigor estão caminhando para um aumento de temperatura de 2,8°C até o final do século, o que representa uma catástrofe iminente. Diante disso, ele enfatizou a necessidade de ação global imediata para alcançar emissões líquidas zero, com foco especialmente na indústria de combustíveis fósseis, considerada o epicentro da crise climática.
O grupo Lancet Countdown publicou o relatório “Health at the Mercy of Fossil Fuels” (Saúde à Mercê dos Combustíveis Fósseis) sobre a interseção entre saúde e mudanças climáticas. O documento revela que centenas de pessoas em todo o mundo estão sendo afetadas por esse problema alarmante. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os principais riscos associados às mudanças climáticas incluem surtos de doenças infecciosas, ondas de calor extremo, secas e inundações.
Um dado alarmante destacado no relatório é que somente nos Estados Unidos, 11.800 pessoas perdem suas vidas anualmente devido à poluição do ar resultante do uso de combustíveis fósseis. Essas emissões prejudiciais à saúde têm sido associadas a uma série de doenças respiratórias, cardiovasculares e outros problemas de saúde.
Os surtos de doenças infecciosas são uma preocupação crescente, pois as mudanças climáticas podem alterar os padrões de transmissão de doenças, aumentando o risco de propagação de doenças transmitidas por vetores, como malária e dengue. Além disso, eventos climáticos extremos, como ondas de calor e tempestades intensas, podem causar danos diretos à saúde das pessoas, incluindo insolação, exaustão pelo calor e lesões físicas.
Diante desses desafios, é fundamental que medidas sejam tomadas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas na saúde humana. Isso envolve a redução drástica das emissões de gases de efeito estufa, a transição para fontes de energia limpa e renovável e a implementação de políticas de adaptação para lidar com os impactos já em curso.
Além disso, a conscientização e a educação sobre os riscos à saúde relacionados às mudanças climáticas são essenciais para capacitar as comunidades a adotarem medidas de proteção e adaptação. É necessário um esforço global coordenado, envolvendo governos, setor privado, profissionais de saúde e sociedade civil, para enfrentar essa ameaça urgente à saúde pública.
Uma das propostas defendidas pelo chefe da ONU é a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, deixando o petróleo, o carvão e o gás no solo, enquanto se aumenta significativamente os investimentos em energia renovável. Ele também propôs a criação de um Pacto de Solidariedade Climática, no qual as nações ricas apoiariam as economias emergentes no corte de emissões.
Outra medida mencionada é a Agenda de Aceleração, que insta os governos a eliminar gradualmente o uso do carvão até 2040, encerrar o financiamento internacional público e privado para essa fonte de energia e redirecionar os subsídios dos combustíveis fósseis para as energias renováveis, entre outras ações.
Dependência dos Combustíveis Fosseis e os Impactos para a Saúde Humana
De acordo com um comunicado da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) divulgado em 4 de abril de 2022, novos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que bilhões de pessoas em todo o mundo ainda estão expostas a ar insalubre. O relatório destaca que cerca de 3,5 bilhões de pessoas – quase metade da população global – estão respirando ar poluído, o que representa um grave risco para a saúde humana.
A poluição do ar é um problema significativo que contribui para uma série de doenças respiratórias, cardiovasculares e outras condições de saúde. O relatório da OMS indica que, anualmente, a poluição do ar causa a morte prematura de aproximadamente 7 milhões de pessoas em todo o mundo.
As principais fontes de poluição do ar incluem emissões provenientes de indústrias, veículos automotores, queima de combustíveis fósseis e práticas inadequadas de gerenciamento de resíduos. A exposição prolongada a altos níveis de poluição do ar pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas e reduzir a expectativa de vida.
A OPAS enfatiza a importância de medidas urgentes para reduzir a poluição do ar e proteger a saúde das pessoas. Ações como a melhoria da qualidade do ar, o incentivo ao uso de energias limpas e renováveis, o controle das emissões de poluentes e a implementação de políticas ambientais eficazes são fundamentais para enfrentar esse desafio global.
A conscientização pública e a participação ativa na adoção de práticas sustentáveis também desempenham um papel crucial na promoção de um ambiente mais saudável. O relatório destaca a necessidade de colaboração entre governos, setores da indústria, comunidades e indivíduos para implementar medidas que reduzam a poluição do ar e protejam a saúde das pessoas em todo o mundo.
Medidas e Ações para Mitigar o Uso de Combustíveis Fóssies
Em meio aos crescentes desafios relacionados à crise climática, António Guterres fez um apelo urgente às empresas de combustíveis fósseis e instituições financeiras para que ajam de forma decisiva. Em seu discurso, ele destacou a necessidade de cessar o tráfico de influência e ameaças legais que visam obstruir o progresso em direção a soluções climáticas.
O chefe da ONU ressaltou que é fundamental que as empresas de combustíveis fósseis cessem suas tentativas de subverter as alianças de carbono neutro, usando a legislação antitruste como argumento. Ele enfatizou que a ação climática coletiva não viola leis antitruste, mas sim preserva a confiança do público e contribui para um futuro sustentável.
Além disso, o líder da ONU pediu aos governos que ofereçam garantias claras e desempenhem um papel fundamental na resolução dessas questões. Ele destacou a importância de planos detalhados por parte das instituições financeiras, incentivando-as a adotarem uma transformação energética global.
Esses planos devem incluir estratégias explícitas para a eliminação progressiva dos ativos de combustíveis fósseis de seus portfólios, garantindo assim o alinhamento com a meta de zero líquido. O chefe da ONU também enfatizou a importância da transparência, exigindo que todo lobby e engajamento político sejam divulgados.
No que diz respeito às instituições financeiras, o líder da ONU destacou a necessidade de acabar com empréstimos, subscrições e investimentos em carvão, incluindo novas infraestruturas, usinas de energia e minas. Ele também enfatizou a importância de direcionar o financiamento e o investimento para a transição justa nos países em desenvolvimento, em vez de explorar novos campos de petróleo e gás.
O apelo do chefe da ONU reflete a urgência de ações concretas e imediatas para combater a crise climática. A colaboração entre empresas, governos e instituições financeiras é crucial para alcançar uma transição bem-sucedida para uma economia de baixo carbono e garantir um futuro sustentável para as gerações futuras.
É necessário que as empresas de combustíveis fósseis e as instituições financeiras assumam a responsabilidade de seu impacto no meio ambiente e se comprometam com uma abordagem mais sustentável, abandonando gradualmente os combustíveis fósseis e direcionando investimentos para soluções renováveis. Somente através de ações coordenadas e decisivas poderemos enfrentar a crise climática e preservar a saúde do nosso planeta.
A transição para uma economia livre de combustíveis fósseis torna-se uma necessidade premente. A busca por alternativas energéticas sustentáveis e a redução drástica das emissões de carbono são fundamentais para evitar os piores cenários das mudanças climáticas e garantir um futuro seguro e saudável para as gerações presentes e futuras.