Começou oficialmente o Primeiro Balanço Global, uma avaliação mundial do progresso na implementação do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. A análise, que começou em 2022, terá seus resultados apresentados na Conferência das Partes (COP-28) em dezembro de 2023, presidida pelos Emirados Árabes Unidos. O Primeiro Balanço Global, também conhecido como Global Stocktake, foi estabelecido como parte do Acordo de Paris em 2015, com o objetivo de verificar se as metas estabelecidas pelos países signatários estão sendo cumpridas e se são suficientes para limitar o aumento da temperatura média global em 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.
O processo de levantamento de dados mundial envolverá a análise de informações fornecidas pelos 196 países signatários do Acordo de Paris, incluindo seus planos de ação climática (NDCs), e abordará questões como a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), adaptação às mudanças climáticas, financiamento climático e transferência de tecnologia. O objetivo é avaliar o progresso global na redução das emissões de gases de efeito estufa e na adaptação às mudanças climáticas, além de identificar lacunas e desafios a serem enfrentados a partir de 2023. Além disso, o relatório utilizará informações de outras fontes, como relatórios científicos, avaliações regionais e análises de organizações internacionais, destacando áreas em que a ação global precisa ser intensificada para limitar o aumento da temperatura média global em 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.
O Que Esperar do Primeiro Relatório Global Sobre as Mudanças Climáticas
As expectativas sobre o Primeiro Balanço Global são variadas. Por um lado, há otimismo de que o relatório fornecerá informações valiosas sobre o progresso global na implementação do Acordo de Paris, destacando sucessos e desafios e identificando áreas onde a ação climática precisa ser intensificada para cumprir as metas estabelecidas.
Por outro lado, há preocupações de que o relatório possa destacar a falta de progresso suficiente na redução de emissões de gases de efeito estufa e na adaptação às mudanças climáticas. Há também preocupações sobre a falta de ação concreta por parte de alguns países, incluindo grandes emissores como os Estados Unidos, China e Índia, que podem prejudicar a capacidade mundial de cumprir as metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris. Além disso, há preocupações sobre a falta de financiamento adequado para apoiar a ação climática em países em desenvolvimento e a transferência de tecnologia necessária para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Os setores da economia que mais afetam e contribuem para as mudanças climáticas durante o período de análise do Primeiro Balanço Global são diversos. Entre eles, destacam-se:
- Energia – no qual as emissões de gases de efeito estufa são principalmente causadas pela queima de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, para produção de eletricidade, aquecimento e transporte.
- Transporte – que é uma grande fonte de emissões de GEE devido ao uso de combustíveis fósseis em veículos terrestres, aéreos e marítimos.
- Agricultura – em que a produção de carne e laticínios é uma fonte significativa de gases poluentes devido às emissões de metano do gado, além do desmatamento e a utilização de fertilizantes que contribuem para as emissões de dióxido de carbono.
- Indústria – que, incluindo a produção de materiais como cimento e aço, é responsável por uma grande quantidade de emissões de GEE devido ao uso de combustíveis fósseis em processos de produção e ao processo de emissão de gases de efeito estufa em processos químicos.
- Construção – o setor é responsável por uma quantidade significativa de emissões de poluentes devido à utilização de materiais de construção com alto conteúdo de carbono, como o cimento, e ao consumo de energia em edifícios e infraestrutura.
Para garantir a transição para uma economia de baixo carbono e limitar o aquecimento global, é fundamental que medidas já tenham sido implementadas em cada um desses setores. Isso envolve a adoção de tecnologias mais limpas e sustentáveis, de práticas agrícolas mais eficientes e com menor emissão de gases de efeito estufa, redução da dependência de combustíveis fósseis e a promoção de fontes de energia renovável, a produção industrial mais limpa, a utilização de materiais de construção com menor conteúdo de carbono, entre outras ações.
Além disso, é importante que os governos tenham políticas já estabelecidas para incentivar a transição para uma economia de baixo carbono, incluindo a precificação do carbono, o estabelecimento de metas e regulamentações para redução de emissões e a promoção de investimentos em tecnologias limpas.
Essas ações podem ter um impacto significativo na redução das emissões de gases de efeito estufa e na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. O Primeiro Balanço Global pode ser um importante catalisador para incentivar ações mais ambiciosas em cada um desses setores e promover a transição para uma economia de baixo carbono, tornando-se um marco crítico na construção de um futuro mais sustentável e resiliente para todos.