Um novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alerta que a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C é improvável sem a adoção imediata de medidas. Nesse contexto, as energias renováveis costa afuera, como a energia eólica costa afuera e oceânica, surgem como alternativas promissoras para impulsionar a transição energética global e criar oportunidades econômicas e sociais.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), a capacidade instalada de energia eólica costa afuera cresceu 18 vezes, atingindo mais de 55 gigawatts (GW) em 2022. Já a capacidade instalada de energia oceânica alcançou 0,535 GW em 2021. Estima-se que, até 2030, a energia eólica costa afuera possa atingir 380 GW e a energia oceânica, 350 GW, desde que sejam superadas as principais barreiras, como protocolos de licenciamento morosos e aumento de investimentos.
Durante a 6ª reunião do IRENA Members’ Collaborative Framework on Offshore Renewables (CFOR), representantes de 38 Estados Membros, juntamente com 55 representantes da indústria e organizações internacionais, discutiram o briefing mais recente da IRENA intitulado “Ampliando os investimentos em tecnologias de energia oceânica”, em colaboração com a Ocean Energy Europe (OEE). Além disso, foram abordados os preparativos para o próximo briefing, “Enabling Frameworks for Offshore Wind Scaleup: innovation in permiting“, em colaboração com o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC).
O próximo resumo IRENA-GWEC oferecerá recomendações cruciais para enfrentar os desafios relacionados aos atuais protocolos de licenciamento da energia eólica costa afuera. Isso inclui a complexidade dos processos administrativos e a necessidade de autoridades centralizadas para supervisionar o processo.
Assim como as energias eólica e solar receberam apoio financeiro do setor público para possibilitar o acesso dos consumidores aos mercados, os governos devem oferecer apoio semelhante à energia oceânica. Por esse motivo, o objetivo do resumo IRENA-OEE é fornecer um guia conciso aos tomadores de decisão sobre como alavancar diferentes instrumentos financeiros para incentivar investimentos em tecnologias de energia oceânica, tanto de ondas quanto de marés.
Lotta Pirttimaa, Diretora Sênior de Políticas da OEE, ressaltou a importância de incluir tecnologias de energia oceânica em um futuro energético sustentável, destacando que investidores privados precisam de visibilidade do mercado e metas claras dos governos para se envolverem nesse setor.
Angela Sarmiento, chefe do Escritório de Assuntos Regulatórios e Empresariais do Ministério de Minas e Energia da Colômbia e co-facilitadora do CFOR, destacou que as energias renováveis costa afuera e a energia oceânica representam soluções concretas para alcançar um ecossistema energético descarbonizado, sustentável e seguro. Sarmiento ressaltou a necessidade de ampliar os investimentos nessas tecnologias para colher seus benefícios.
Durante a segunda metade da reunião do Quadro Colaborativo, o painel de discussão sobre a energia eólica costa afuera flutuante destacou algumas observações importantes. Entre elas, destacou-se a importância de estabelecer metas para a implantação de infraestrutura. Entre elas, desenvolver cadeias de suprimentos dentro de uma estrutura regulatória robusta, investir em infraestrutura portuária e realizar pesquisas adicionais sobre o impacto real das soluções flutuantes nos ecossistemas marinhos.
De acordo com as primeiras observações, foi constatado um efeito positivo na biodiversidade marinha próxima às usinas, devido à criação de ambientes “seguros” entre os equipamentos.
Após a reunião, a IRENA coletará as contribuições dos membros para a elaboração do próximo resumo e informará sobre o progresso da publicação. As recomendações do painel de discussão também serão levadas em consideração pela IRENA em sua análise contínua sobre a energia eólica costa afuera flutuante.
A crescente conscientização sobre a necessidade de acelerar a transição energética global está impulsionando a busca por soluções inovadoras e sustentáveis, como as energias renováveis costa afuera. Com investimentos adequados, políticas claras e colaboração entre governos, indústria e organizações internacionais, é possível superar os desafios e aproveitar todo o potencial dessas tecnologias, contribuindo para um futuro mais limpo e sustentável.
