Um estudo abrangente conduzido pela Universidade Metropolitana de Manchester revelou que o setor de aviação é responsável por 3,5% das atividades humanas que contribuem para o aquecimento global. Publicado em 2020 na revista científica Atmospheric Environment, o estudo analisou dados de viagens e transporte aéreo global desde 2000 até 2018.
Os resultados impressionantes mostram que os aviões emitiram um total de 32,6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono ao longo de sua história, desde 1940 até 2018. Surpreendentemente, metade dessas emissões ocorreram nos últimos 20 anos, impulsionadas pelo aumento no número de voos e no tamanho das frotas, especialmente na região da Ásia.
A expansão econômica e o rápido desenvolvimento de países asiáticos resultaram em um aumento significativo na demanda por viagens aéreas, contribuindo para o aumento das emissões de CO2. Esses dados destacam a importância de abordar as questões ambientais relacionadas à aviação e encontrar soluções sustentáveis para reduzir a pegada de carbono do setor.
A conscientização sobre os impactos ambientais da aviação está crescendo, impulsionando esforços para o desenvolvimento de tecnologias mais limpas e combustíveis de aviação sustentáveis. É fundamental que a indústria da aviação e os governos trabalhem em conjunto para implementar medidas efetivas visando a redução das emissões e a promoção de práticas mais sustentáveis no setor.
A Ásia está cada vez mais envolvida no desenvolvimento de projetos e acordos relacionados ao combustível de aviação sustentável. Essas iniciativas visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa da aviação e promover a transição para uma indústria de aviação mais sustentável e de baixo carbono. Vários países asiáticos estão investindo em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias de combustíveis de aviação sustentáveis, como o bioquerosene de aviação (Biojet fuel) e o e-fuel (combustível sintético produzido com energia renovável). Esses combustíveis sustentáveis têm o potencial de substituir parcial ou totalmente o uso de combustíveis fósseis na aviação, reduzindo assim as emissões de carbono.
Além disso, foram estabelecidos acordos e parcerias regionais na Ásia para impulsionar o uso de combustíveis de aviação sustentáveis. Por exemplo, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) lançou a Iniciativa de Bioquerosene de Aviação da ASEAN, com o objetivo de promover a produção e o uso de bioquerosene na região.
O Malaysian Aviation Group (MAG) e a Petronas Dagangan (PETR.KL) assinaram um acordo de compra de combustível de aviação sustentável (SAF sigla em inglês para Sustainable Aviation Fuel), com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento do combustível verde em escala comercial na Malásia. As duas empresas anunciaram parceria, como parte de seus esforços para promover a sustentabilidade na indústria da aviação.
O acordo permitirá que o MAG adquira SAF da Petronas Dagangan, que é uma subsidiária da Petronas, a empresa de energia nacional da Malásia. O SAF é produzido a partir de fontes renováveis e tem o potencial de reduzir significativamente as emissões de carbono em comparação com os combustíveis fósseis tradicionais.
O Grupo Qantas (QAN.AX) anunciou o lançamento da Coalizão de Combustível de Aviação Sustentável (SAF Coalition) em parceria com a Australia Post, KPMG Australia, Macquarie Group, a divisão local do Boston Consulting Group e a Woodside Energy em 11 de novembro de 2022.
Em setembro de 2022, a Cebu Pacific (CEB.PS) realizou um voo de Cingapura para Manila utilizando uma mistura de 35% de SAF fornecido pela Neste. Para expandir a disponibilidade de SAF em sua frota, a companhia aérea estabeleceu uma parceria estratégica de longo prazo com a Shell Eastern Petroleum. Essa parceria permitirá o suprimento e a compra de SAF na região da Ásia-Pacífico e Oriente Médio. Inicialmente, está previsto um volume de pelo menos 25 quilotoneladas por ano.
No Japão, as principais companhias aéreas All Nippon Airways (ANA) (9202.T) e Japan Airlines (JAL) (9201.T) ampliaram suas compras de SAF, adicionando suprimentos da trading Itochu Corp (8001.T) e da produtora americana Raven SR. Outras empresas envolvidas na exploração da produção de SAF no Japão incluem a Mitsubishi Corp (8058.T), a Boeing (BA.N) e a TotalEnergies SE (TTEF.PA). De acordo com o Japan Transport and Tourism Research Institute (JTTRI), a meta é substituir 10% (ou 1,34 milhão de quilolitros) do combustível utilizado pelas companhias aéreas japonesas por SAF até 2030. Essa iniciativa demonstra o compromisso do Japão em reduzir as emissões de carbono no setor de aviação.
Outro exemplo é o acordo de cooperação entre a China e a União Europeia para promover a pesquisa e a produção de biocombustíveis sustentáveis de aviação. Essa parceria busca impulsionar a inovação e o desenvolvimento de tecnologias de combustíveis sustentáveis, além de facilitar a colaboração entre as indústrias de aviação dos dois blocos.
Esses projetos e acordos refletem o compromisso crescente da Ásia em buscar soluções sustentáveis para a aviação. A indústria da aviação é responsável por uma parcela significativa das emissões globais de carbono e a busca por alternativas de combustíveis sustentáveis é essencial para mitigar os impactos ambientais.
Ainda existem desafios a serem superados, como a disponibilidade e a viabilidade econômica dos combustíveis de aviação sustentáveis em larga escala, bem como a necessidade de regulamentações e políticas favoráveis para impulsionar sua adoção. É importante que governos, indústria e instituições de pesquisa continuem colaborando para superar esses desafios e avançar na implementação efetiva de projetos e acordos de combustível de aviação sustentável na Ásia e em todo o mundo.
A Ásia está intensificando seus esforços na busca por combustíveis de aviação sustentáveis, através de projetos de pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e acordos regionais. Essas iniciativas têm o potencial de impulsionar a transição para uma indústria de aviação mais limpa e contribuir para a redução das emissões de carbono associadas à aviação.
