A recente nuvem espessa de fumaça que envolveu Manaus, capital do Amazonas, e a descoberta preocupante de botos mortos em um lago distante ressaltam os efeitos devastadores da estiagem sem precedentes na Amazônia. Os cientistas, em conjunto com os ambientalistas e representantes do governo, estão avaliando as complexas interações climáticas que levaram a essa crise.
Os registros indicam que a estiagem atingiu um nível alarmante, com o Rio Negro em Manaus atingindo a marca mais baixa desde 1902, superando a histórica seca de 2010. Essa seca excepcional é resultado de um conjunto de fatores climáticos complexos que incluem tanto o El Niño, aquecendo as águas do Oceano Pacífico e dificultando a formação de chuvas na região, quanto o aquecimento anormal das águas do Oceano Atlântico, reduzindo ainda mais a precipitação na Amazônia.
As consequências são sentidas em toda a região, com milhares de habitantes da capital do Acre, Rio Branco, dependendo de caminhões-pipa para fornecimento de água potável, semelhante ao que é comum no semiárido do Nordeste. Além disso, a agricultura local sofreu perdas significativas, afetando culturas fundamentais como a mandioca e a piscicultura.
Em resposta à crise, o governo federal anunciou medidas emergenciais, incluindo a distribuição de alimentos e água potável para comunidades afetadas, bem como a dragagem de rios para garantir a vital navegação, principal meio de transporte na região. No entanto, diante das previsões preocupantes de uma estação chuvosa ainda mais tardia do que o habitual, especialistas expressam temores quanto aos impactos a longo prazo dessa estiagem prolongada na região e em suas comunidades.
Enquanto a Amazônia luta contra essa crise ambiental sem precedentes, torna-se cada vez mais urgente uma ação coordenada e robusta para lidar com os desafios das mudanças climáticas na região.